Você já assistiu um filme 3-D? Essa tecnologia deve muito às pesquisas da cientista e inventora Valerie Thomas. Nascida em 8 de fevereiro de 1943, a menina Valerie cresceu no Estado de Maryland, nos Estados Unidos. Desde pequena, se interessou por eletrônica, matemática e física, apesar de as meninas não serem incentivadas a estudar essas matérias. Isso a levou a cursar física na Universidade Morgan State. Com pouco mais de 20 anos, ela começou a trabalhar como matemática e engenheira de dados na NASA, a agência espacial norte-americana.
“Nunca tinha visto um computador antes na minha vida, exceto em filmes de ficção científica. Tomei a decisão de aprender tudo o que pudesse sobre computadores. Sempre quis aprender e descobrir as coisas sozinha. Eu gostava de trabalhar em coisas que não tinham sido feitas antes”, disse Valerie uma entrevista para o Oprah Daily, site da apresentadora Oprah Winfrey.
Já atuando na NASA, Valerie passou a desenvolver dispositivos que se valiam de ilusões ópticas (visuais) para criar a sensação de profundidade nas imagens. Por meio de sua pesquisa, Valerie chegou a seu trabalho mais importante, a criação do Illusion Transmitter (transmissor de ilusão), um dispositivo que usava a propagação de luz para criar imagens tridimensionais, como um holograma. A ideia para simular tridimensionalidade veio em um seminário científico do qual Valerie participou. Lá, ela assistiu a uma demonstração com uma lâmpada. Os olhos do espectador eram enganados por meio de espelhos côncavos (que se curvam para dentro). A lâmpada parecia seguir brilhando mesmo depois de ter sido tirada do soquete.
A partir daí, Valerie começou a fazer experiências com espelhos planos e côncavos. Em 1980, Valerie ela conseguiu o registro da patente do Illusion Transmitter, dispositivo que a NASA usa até hoje. O Illusion Transmitter não foi usado diretamente em filmes 3-D, mas foi uma das tecnologias que o antecederam e tornaram possível o cinema 3D nesse formato possível. O dispositivo mostrou como a luz pode ser manipulada para criar a ilusão de profundidade, um conceito fundamental por trás da tecnologia 3-D.
Décadas depois, houve o desenvolvimento de câmeras 3-D estereoscópicas e da tecnologia de projeção usada no cinema 3-D atual. Mas Valerie Thomas entrou para a história por ter tido um papel essencial ao explorar as possibilidades da óptica e abrir caminho para as inovações que levaram aos filmes 3D de hoje. O sistema de transmissão 3-D utiliza um gravador de vídeo para tirar a foto de uma imagem flutuante em frente a um espelho côncavo. A imagem do vídeo é enviada para uma segunda câmera, que projeta a imagem diante de um segundo espelho côncavo. Esse processo cria a ilusão de ótica de uma imagem 3-D. Posteriormente, a NASA usou a tecnologia em algumas de suas aplicações de satélite.
Valerie continuou a trabalhar na NASA durante a década de 1980. Em 1985, ela obteve o título de mestre em administração de engenharia pela George Washington University. Nesse mesmo ano, ela atuou como gerente de instalações de informática do Centro Nacional de Dados de Ciências Espaciais da NASA. Em 1986, ela se tornou gerente de projetos da Rede de Análise de Física Espacial da agência, que foi criada para ajudar cientistas a compartilhar dados e colaborar em tópicos relacionados ao espaço. Antes de se aposentar da NASA em 1995, Thomas ocupou o cargo de chefe associada do Escritório de Operações de Dados de Ciências Espaciais. Em 2004, recebeu o título de doutora em Liderança Educacional pela Universidade de Delaware.
Valerie tornou-se uma defensora da educação e incentivadora de que as jovens, principalmente as negras, sigam carreiras na área de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Ela se aposentou da NASA em 1995.