Thalita Vitória Simplicio da Silva nasceu em Natal (RN) com glaucoma (doença conhecida por provocar lesões no nervo óptico, podendo levar à cegueira), em 1997. Até os 12 anos, Thalita tinha baixa visão, mas, com o avanço do glaucoma, ficou completamente cega. A deficiência nunca a impediu de se dedicar aos esportes. Praticou caratê, natação e o goalball, modalidade desenvolvida exclusivamente para pessoas com deficiência visual. No esporte, a bola tem um guizo em seu interior para que os jogadores saibam sua direção.
Dos 8 aos 16 anos, Tata se dedicou a uma de suas paixões, o balé, como parte do corpo da Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão, em Natal. Nesse mesmo período, conheceu o atletismo e se apaixonou também pela corrida de velocidade nas categorias 100, 200 e 400 metros. Por meio de um projeto do Comitê Paralímpico Brasileiro, em 2012, ela foi identificada no Instituto dos Cegos pelo treinador Felipe Veloso. Tanto amor pelo esporte precisava ser concentrado em apenas uma atividade para resultar em grandes conquistas e medalhas. Uma de suas incentivadoras foi a professora de balé Solange Gameiro, que a estimulou a se dedicar ao atletismo.
A aposta no esporte trouxe frutos: a atleta paralímpica já acumula mais de 50 medalhas no atletismo. Suas principais conquistas até agora foram a medalha de ouro nos 400 m e a prata nos 200 m, no Mundial de Dubai – 2019; a medalha de prata nos 100 m e nos 200 m, nos Jogos Parapan-Americanos de Lima – 2019; a medalha de prata no revezamento 4x100 m, nos Jogos Paralímpicos – Rio 2016; a medalha de bronze nos 400 m, no Mundial Doha 2015; e a prata no salto, nos 200 m e nos 400 m, nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto – 2015.
Além do esporte, Thalita foi aprovada para cursar a faculdade de Fisioterapia da UnP (Universidade Potiguar) e sonha em trabalhar com reabilitação e neurologia. Segundo ela, o apoio dos amigos e professores faz com que não perceba as dificuldades.
Sobre a participação nos jogos paralímpicos de Tóquio e outras competições internacionais, Thalita relata que seu pai e seus irmãos ficavam muito preocupados por ela ser muito jovem e já ter de viajar para competir. “Em 2015 e 2016, eu fui a atleta mais jovem da Seleção Brasileira adulta de atletismo. Mas, para mim, era algo maravilhoso. Cresci ao lado dos atletas mais experientes, escutava conselhos deles”, lembra Thalita, citando atletas mais velhos, como Daniel Mendes, Emicarlo Souza, Alan Fonteles, entre outros.
“Eu nunca almejei ser uma atleta paralímpica de alto rendimento, até porque tudo começou como brincadeira, e as coisas foram acontecendo. Com 15 anos, comecei nas Paralimpíadas Escolares e, depois, não parei mais no atletismo. Foi mágico ser uma medalhista paralímpica tão jovem. Nem passava pela minha cabeça ganhar uma medalha”, contou em entrevista publicada no site do CPB.
O seu lema serve de inspiração para as meninas do Brasil e do mundo: “Nunca desista de seus sonhos!”