Tereza de Benguela

Tereza de Benguela, ou Rainha Tereza, como ficou conhecida em seu tempo, viveu no século 18, no Vale do Guaporé, no Estado do Mato Grosso. O local de nascimento de Tereza de Benguela é desconhecido. Ela pode ter nascido em algum país do continente africano ou no Brasil. Sua vida faz parte da história pouco contada do Brasil e que vem sendo resgatada pelo movimento negro, tanto que, em homenagem a Tereza de Benguela, o dia 25 de julho foi instituído oficialmente no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra pela Lei n° 12.987/2014.

Depois que José Piolho, com quem era casada, foi morto por soldados, Tereza assumiu a liderança do Quilombo do Piolho, que também era conhecido como Quilombo do Quariterê (a atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia), o maior do Mato Grosso. Segundo informações de documentos da época, o quilombo abrigava mais de 100 pessoas, entre negros e indígenas. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século 18.

Não há registros precisos de como Tereza morreu. Uma versão diz que ela se suicidou, depois de ser capturada por bandeirantes, a mando da capitania do Mato Grosso, por volta de 1770. Mas há outra teoria que afirma que ela foi morta. A repressão ao movimento negro era brutal e tinha como objetivo intimidar os que lutavam. Alguns quilombolas conseguiram fugir ao ataque e reconstruíram o quilombo – mesmo assim, em 1777, novamente atacado pelo exército, sendo extinto em 1795.

Um dos grandes destaques de sua liderança foi a criação de um tipo de Parlamento e de um sistema de defesa. O Parlamento decidia as ações da comunidade, que vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana e da venda do que não era consumido por seus habitantes.

O sistema de defesa funcionava com armas trocadas com os brancos ou tomadas de vilas próximas. Os objetos de ferro usados para combater a comunidade negra eram transformados em instrumentos de trabalho, já que seus habitantes dominavam o uso da forja.

“Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais. Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo”, informa trecho de documento oficial do ano de 1770, em Vila Bela.

A história da Rainha Tereza foi relembrada em 1994 pela escola de samba Unidos do Viradouro no samba-enredo “Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal”.

O Dia de Tereza de Benguela coincide com o Dia Internacional da Mulher da Afro-latino-americana, Afro-caribenha e da Diáspora, data de mobilização desde 1992, quando foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, que também estabeleceu a criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afro-caribenhas e da Diáspora.


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