Ganhadora do prêmio Rainha da América em 2021, Tamires é uma referência para a atual geração do futebol feminino no Brasil. Nascida na cidade de Caeté, em Minas Gerais, a lateral esquerda conheceu a bola brincando com os irmãos e amigos. Aos 11 anos, seu talento chamou a atenção e ela foi chamada para jogar no time de futsal da cidade. “Um dia eu estava jogando bola com os meus primos em Caeté, até que um senhor me viu e falou: ‘Essa menina tem potencial'. Isso aconteceu quando brincava do lado de fora do ginásio poliesportivo”, contou em uma entrevista.
Para poder seguir seu sonho, foi morar com a tia em São Paulo. Naquele tempo, jogava no Tiger, quando fez um teste para o Juventus e passou. Aos 20 anos, começou sua trajetória no futebol de campo, jogando pelo time paulistano em 2004 e 2005. Em 2004, defendeu a seleção brasileira sub-19 pela primeira vez.
Desde 2013, é figura importante nas convocações da seleção principal, tendo participado de três Copas do Mundo (2015, 2019 e 2023) e de dois Jogos Olímpicos (2016 e 2021), além de conquistar a Copa América em três oportunidades (2014, 2018 e 2022) e os Jogos Pan-Americanos (em 2015). Defendeu o Santos (SP), o Atlético (MG), a Ferroviária (SP) e o Centro Olímpico (SP), além de ter tido passagens pelo futebol dinamarquês e norte-americano. A jogadora desembarcou no Corinthians, em 2019, para liderar a equipe que se tornou referência da modalidade no Brasil, conquistando 12 títulos com a camisa alvinegra, incluindo duas vezes a Libertadores (2019 e 2021) e quatro vezes o Campeonato Brasileiro (2020, 2021, 2022 e 2023).
Persistência e vontade de ajudar as jogadoras mais novas estão entre as maiores qualidades da lateral-esquerda.
“Como sou uma atleta persistente, sempre com os pés no chão, eu quero sempre provar o meu valor, ser amiga e parceira de todas as meninas. Na vida, não somos ninguém sozinhos, então esse é o meu papel. É o que eu acredito e procuro fazer todos os dias", disse.
E de superar desafios que parecem intransponíveis, Tamires entende. A jogadora concilia a carreira de atleta com a maternidade. Em 2009, aos 21 anos, quando descobriu estar grávida de Bernardo, pensou que não seria possível seguir no futebol. “Ouvi de pessoas que meu sonho tinha acabado, que eu só ia ser mãe”, contou. Mas, depois de uma pausa de três anos e meio, fez um teste no Centro Olímpico de São Paulo. De novo, passou, e, aos 25 anos, retornou aos gramados. Apenas dois meses depois de sua reestreia, foi convocada para a seleção para um torneio na Suíça. Participou da Copa América no Equador, em 2014, e da Copa do Mundo no Canadá, em 2015. Ser mãe foi algo que só lhe deu mais força. “Passei a lutar não só por mim, mas também a lutar por pessoas que estão ao meu lado.”
Seu recado para as meninas que têm o sonho de um dia se tornar jogadoras de futebol é “sempre acreditar”. “A gente não pode, nunca, desistir dos nossos sonhos. Se você tem o sonho de ser uma jogadora de futebol, as oportunidades estão aí, então vá atrás delas, não desista no primeiro "não" e acredite sempre, independentemente de qualquer coisa. Lembre-se sempre que você tem de ser uma atleta de respeito, de personalidade”. Isso, Tamires tem de sobra.
