Sylvia Earle

Em inglês, Sua Majestade se escreve 'Her Highness'. A norte-americana Sylvia Alice Earle é tão rainha dos mares que ganhou dos jornalistas o título de 'Her Deepness' (Sua Profundeza). Oceanógrafa, exploradora, autora de mais de 100 artigos científicos e de vários livros sobre o oceano, Sylvia é presidente da Mission Blue / The Sylvia Earle Alliance e exploradora residente da National Geographic Society, posto que tem desde 1998, quando se tornou a primeira mulher a ocupá-lo. Defensora da conservação do meio ambiente, Sylvia contribui para interromper a exploração indiscriminada dos mares, esgotados pela pesca predatória e a poluição. “O que fazemos ao oceano, fazemos a nós mesmos”, diz.

Pioneira do uso de aparelhos de respiração embaixo d´água, conhecidos como SCUBA, e no desenvolvimento de submersíveis que chegam a grandes profundezas, ela é dona do recorde mundial do mais profundo mergulho autônomo, que estabeleceu em 1979, descendo a 381 metros de profundidade no Oceano Pacífico.

Sylvia passou a infância em uma fazenda em New Jersey, nos EUA, onde se apaixonou pela natureza. Quando ela tinha 12 anos, a família se mudou para uma casa na praia na Flórida, onde a menina ampliou seu campo de interesse para o mar. Ela aprendeu a mergulhar quando cursava a Florida State University, onde se formou em Botânica em 1955. Completou seu Doutorado em 1966, para o qual coletou mais de 20 mil amostras de algas no Golfo do México. Sua experiência após a faculdade é uma mistura de pesquisa científica e exploração oceanográfica. Em 1968, descobriu dunas submersas na costa das Bahamas. Em 1970, liderou o primeiro grupo composto exclusivamente por mulheres aquanautas do projeto Tektite II, criado para explorar o reino marinho e os efeitos sobre a saúde de viver por longos períodos em estruturas submarinas. Essa “casa” submersa ficou a 15 metros de profundidade próximos às Ilhas Virgens americanas. Durante o experimento, observou em primeira mão os efeitos da poluição sobre os recifes de coral. A experiência ocorreu em uma época em que as mulheres ainda se iniciavam na conquista de territórios até então reservados apenas aos homens. Sylvia liderou muitas outras expedições oceanográficas. Nos anos 80, fundou com o marido na época a empresa Deep Ocean Engineering and Deep Ocean Technology with British, que projetou o submersível Deep Rover, capaz de chegar a profundidades de 914 metros.

Ela esteve no Brasil na conferência Rio+20, realizada em 2012, marcando os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e que contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Na época, ela se mostrava otimista: “Se eu pudesse escolher um momento para nascer, seria hoje, em que nossas ações terão um impacto efetivo no futuro”. Quando Sylvia nasceu, em 1935, a Terra tinha 2 bilhões de habitantes e muito mais árvores e peixes. Hoje são mais de 7 bilhões. Apesar de todo impacto ambiental, existe mais consciência e se conhece muito mais sobre os oceanos, que esconde as maiores cadeias montanhosas da Terra e uma biodiversidade incrível e contribuem com a geração de 70% do oxigênio atmosférico. Segundo Sylvia, sem o oceano, a Terra se pareceria com Marte, já que os mares garantem que o clima na Terra seja favorável à vida, incluindo a humana. Para ela, mais pessoas, especialmente crianças, têm de estar mais diretamente envolvidas na exploração do oceano.

Quando perguntaram se o fato de ser mulher representou alguma dificuldade em sua trajetória, ela contou, em entrevista: “Quando chegou a hora de decidir se deveria haver uma equipe feminina de aquanautas para o programa Tektite, o gerente do programa disse: ‘Bem, metade dos peixes são fêmeas, então por que não?’ Eu usei esse otimismo ‘por que não’ muitas vezes desde então”.


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