Sílvia Grecco

Apaixonada por futebol, a funcionária pública Sílvia fez questão de transmitir esse amor ao filho mais novo, Nickollas, hoje com 13 anos, levando-o ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, para acompanhar o jogo do seu time, o Palmeiras, contra o São Caetano, em março de 2012. O fato de o filho ter deficiência visual e autismo não impediu Sílvia de compartilhar sua paixão pelo esporte com ele. Sílvia levou fones para que ele acompanhasse pelo rádio, mas o garoto vibrava muito com a torcida, e o fone não parava. Para fazer o filho entender o que se passava na partida, a mãe se tornou narradora, descrevendo cada um dos lances. Aos poucos, foi aprimorando sua técnica para transmitir a emoção do jogo para o filho. Em 9 de setembro de 2018, eles acompanhavam vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, no Allianz Parque, também em São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro, quando a reportagem da TV Globo flagrou momentos em que Sílvia narrava os lances da partida para Nickollas. A convite do ex-técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, o menino ganhou a chance de conhecer todos os jogadores. Nickollas se tornou um dos símbolos da conquista palmeirense no Brasileirão de 2018. O centroavante Deyverson, após vitória por 2 a 0 sobre o Grêmio, dedicou os seus gols ao garoto que 'mostrava que nada era impossível'. Em 2019, a história deles foi selecionada para iniciar uma série da Fifa: 'Sheroes', em que Sílvia conta sobre o papel do esporte para o filho e para a inclusão. No dia 2 de setembro de 2019, Sílvia recebeu a notícia que disputaria prêmio da FIFA (Federação internacional de Futebol) dedicado aos torcedores. Nickollas também pode realizar o sonho de conhecer os jogadores da seleção brasileira, no Sun Life Stadium, em Miami, nos Estados Unidos, no empate do Brasil com a Colômbia em 2 a 2 e entrou com Neymar em campo. Com a premiação da Fifa na categoria Fifa Fan Awards, em Milão, em seu discurso, falou para o mundo que a pessoa com deficiência existe, precisa de oportunidade, amor, respeito e inclusão, emocionando a todos. Anos antes, Sílvia havia se apaixonado por aquele bebê nascido antes do tempo, aos 5 meses de gestação, e decidiu adotá-lo, amarrando seu coração ao dele, emoção que os dois revivem a cada grito de gol. “Quantas mães com filhos com deficiência gostariam de levar seus filhos, autistas ou cegos ou com qualquer outra deficiência ao estádio? Muitas. E muitas não vão, porque não têm oportunidade. Muitas não vão porque as condições do seu filho não lhe permitem levar. Não é fácil, aliás na grande maioria das vezes é bem difícil. Entre eles a única coisa que não falta é amor. Hoje entendo tudo isso como uma missão. O mundo ama futebol, o Brasil sempre foi o país do futebol. Então esse esporte amado por todos vai nos ouvir. Vai ser nosso instrumento. Vai ser nossa voz. E queremos mais, queremos fomentar a Cultura de Paz entre as torcidas” Que a voz dessa Dona da Rua ecoe longe como um grito de gol.


Referências

Downloads

Mais Donas da Rua


Ver todas homenageadas