Ela é sueca, mas fala português e gosta de Alceu Valença e Gusttavo Lima. Bem adaptada ao país, deixou o hábito de chegar adiantada aos compromissos e agora chega na hora marcada.
Pia Sundhage foi contratada pela CBF para assumir a Seleção Brasileira Feminina, em julho de 2019. Já em sua chegada, a sueca fez história ao se tornar a primeira estrangeira a ocupar o cargo de treinadora.
Multicampeã e referência no futebol mundial, a comandante terá pela frente a missão de conduzir o time feminino em busca da primeira medalha de ouro do Brasil em Jogos Olímpicos. Quando sua contratação foi anunciada, mandou uma mensagem em vídeo para o país, ainda em inglês: “Olá, Brasil. Eu só queria falar pra vocês o quanto eu estou empolgada em treinar o país do futebol, Brasil. Para alcançarmos a melhor performance juntos. Vamos, Brasil!”
A relação de Pia Sundhage com o futebol vem de berço. Antes de se tornar treinadora, a sueca brilhava em outra função, a de jogadora. Como atleta, Pia foi uma das principais artilheiras da história de seu país. Com a camisa da Suécia, disputou a primeira Copa do Mundo Feminina da história, em 1991. Dentro das quatro linhas, também defendeu o seu país na edição do mundial de 1995, além da Olimpíada de Atlanta, em 1996.
Como jogadora, Pia Sundhage teve uma carreira de sucesso, mas o auge no esporte ainda estaria por vir. Fora o campo, a sueca deu os primeiros passos nos anos 1990, tendo como primeira experiência o cargo de assistente técnica da Seleção da China. A passagem durou um ano.
No posto de técnica, Pia brilhou aos olhos do mundo pela primeira vez em Pequim 2008, quando conduziu a Seleção dos Estados Unidos na conquista da medalha de ouro, no seu primeiro ano liderando as norte-americanas. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, a sueca repetiu a façanha faturando o bicampeonato olímpico. Neste mesmo ano, a sueca foi eleita a melhor técnica de futebol feminino pela FIFA (ela foi indicada quatro vezes consecutivas ao prêmio, entre 2010 e 2013).
No ciclo olímpico seguinte, nos Jogos Rio – 2016, Pia levou novamente suas comandadas à final do torneio – desta vez à frente da Seleção da Suécia, que conquistou a medalha de prata. Três anos depois era chegada a hora de um novo desafio. Em julho de 2019, foi anunciada como a nova treinadora da Seleção Brasileira Feminina. Desde que assumiu o cargo, Pia deu uma nova cara para a seleção feminina. Ao longo desses dois anos, revolucionou a forma da equipe atuar com suas ideias de jogo, aliado ao talento das jogadoras brasileiras. O sucesso dessa mistura de culturas e metodologias é a principal aposta do Brasil em busca do ouro olímpico.
A Olimpíada de Tóquio será a primeira competição oficial de Pia Sundhage à frente da Seleção Feminina. Desde que assumiu a Canarinho, a sueca comandou o time em 18 jogos, somando 11 vitórias, 5 empates e 2 derrotas, com um total de 70% de aproveitamento. O reflexo do desempenho tem consequência direta no Ranking de Seleções Femininas da FIFA. Após a Copa do Mundo da França de 2019, o Brasil aparecia na 11ª colocação. Atualmente, o país ocupa a sétima posição.
É apostando no talento brasileiro e na organização sueca que a Seleção Brasileira Feminina vai em busca do primeiro lugar inédito no pódio dos Jogos Olímpicos.
“É claro que no primeiro jogo todo mundo vai estar nervoso. Então o segredo é tentar manter a calma e acreditar naquilo que temos trabalhado por tanto tempo”, disse ao site Dibradoras. Se ela mantiver seu nível de atuação como treinadora dos últimos três ciclos olímpicos, teremos motivos para comemorar em agosto.
