Mayra Aguiar

Os pais de Mayra Aguiar a matricularam no judô quando ela tinha 6 anos. Aos 14, já era profissional. Aos 15 anos, ainda sem a faixa preta, a judoca conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-americanos Rio de Janeiro – 2007, competição em que é hexacampeã. No ano seguinte, ela fez a sua estreia em Jogos Olímpicos. Mesmo trocando de categoria (deixou a de peso médio e foi para a meio pesado), a gaúcha de Porto Alegre seguiu lutando pelos primeiros lugares em todas as competições. No ciclo olímpico seguinte, voltou a subir ao pódio nos Jogos Pan-americanos e conseguiu sua primeira medalha em Jogos Olímpicos. Nos Jogos Rio – 2016, garantiu mais um bronze para o Brasil.

Em entrevista publicada pelo Globo Esporte, Mayra contou um pouco sobre o segredo da sua consistência como atleta: “Acho que é um pouco de tudo. Eu mantenho o treinamento sempre forte. Toda vez que eu volto de uma competição, fico um pouquinho descansando, só para recuperar realmente o corpo, e depois volto para o treinamento. E a cabeça... o que eu faço, depois de uma competição... claro que eu comemoro, fico feliz, conquistei uma medalha, mas esqueço muito rápido daquela medalha, daquela conquista, e eu já estou com o próximo objetivo na cabeça. Então, acho que isso que faz eu acordar todo dia, me motiva para conquistar novas medalhas, novos objetivos. Então, acho que o que funciona para mim é isso: conquistou uma medalha já vislumbra outra medalha”.

Nem mesmo uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, durante um treino em setembro de 2020, tirou a judoca da seleção brasileira e da Sogipa (RS) do foco da preparação. “Na hora em que eu vi que realmente ia ter que operar, eu fiquei bem mal. Foram dois dias que eu me dei para ficar mal. Mas, depois que passou, foi só positividade. Eu não tinha tempo de ficar choramingando. Por mais abalada que possa estar, eu estou animada e com mais vontade ainda de buscar mais uma medalha”, contou em entrevista ao Canal Brasil Judô, no YouTube. A recuperação aconteceu a tempo de a judoca participar do Mundial e se confirmar como cabeça de chave em Tóquio, mesmo saindo nas oitavas. Ela é a oitava pelo ranking olímpico, que considera apenas um atleta por país, e suas adversárias mais próximas nem foram ao Mundial. Ao longo de sua carreira, Mayra já havia passado por outras sete cirurgias, o que não a impediu de seguir conquistando medalhas.

Em 2014, ao obter seu primeiro título mundial, em Cheliabinsk, na Rússia, Mayra viveu uma situação parecida com a que encara agora. Machucou-se em 2013 e teve apenas uma competição para se testar antes do Mundial que a consagrou a melhor do mundo em 2014.

A atleta divulgou uma nota em que reiterou que persiste firme na conquista de sua meta: “Nunca fui de me entregar. Nunca desisti. E não vai ser agora que isso vai acontecer. Já enfrentei sete cirurgias e várias lesões, além de dificuldades normais que todas as pessoas passam, e jamais deixei de perseguir os meus objetivos. Agora, minha meta é estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio e sei que lá estarei, mais uma vez representando as cores do Brasil e da Sogipa. Sofri, em setembro, uma lesão no joelho e me submeti a uma cirurgia. O processo de recuperação começou em seguida. Neste momento, caminha muito bem. Me sinto fortalecida e motivada. A evolução é visível dia a dia. A resiliência faz parte da minha vida e sempre tive muita tranquilidade em me adaptar e fazer o melhor com aquilo que eu tenho em cada momento. Além da confiança em mim mesma e naqueles que me cercam e da tranquilidade que adquiri ao longo de tantos anos como atleta, tenho a experiência de já ter vivido processo semelhante. Sou forte e sempre enfrentei os meus problemas trabalhando duro e silenciosamente. Em 2013, passei por duas cirurgias e, apenas alguns meses depois, conquistei a medalha de ouro no Campeonato Mundial em Cheliabinsk. A recuperação está indo muito bem. Os médicos, os fisioterapeutas e os preparadores físicos estão satisfeitos com o progresso. Já estou suando bastante e fortalecendo a parte física. Em janeiro, volto a colocar o quimono e, em março ou abril, já devo competir. Ou seja, mudou o meu caminho, mas o destino segue o mesmo. É Tóquio.”

Sua frase favorita é do mestre japonês Jigoro Kano, considerado o fundador do judô: “Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo, humildade”. A atleta considera a determinação sua principal característica. Estamos torcendo por ela!


Referências

Downloads

Mais Donas da Rua


Ver todas homenageadas