Mary Shelley nasceu na Inglaterra em 1797. Tinha apenas 18 anos quando começou a escrever o que hoje é considerado um clássico do terror e da ficção científica, mas também uma obra filosófica, por trazer reflexões sobre a condição humana: Frankenstein ou o Prometeu Moderno. O livro foi lançado anonimamente em 1818 e revisado em 1831 e, até hoje, inspira versões para o cinema. A história narra as consequências desastrosas da criação artificial de um ser humano por um cientista, Viktor Frankenstein.
Empoderada desde cedo, era filha de Mary Wollstonecraft, autora do primeiro tratado feminista da história (A Reivindicação dos Direitos da Mulher, de 1792), que morreu 10 dias após seu nascimento, e do filósofo William Godwin. Mary estudou Filosofia e Ciências e, além de Frankenstein, escreveu romances como Mathilda (1820) e Lodore (1835). Ela editou parte da obra do marido, o poeta Percy Shelley, acrescentando importantes notas explicativas aos poemas.
Em 1816, Mary e seu marido foram passar um feriado em Genebra, na Suíça. Eles ficaram hospedados no mesmo hotel em que estava o célebre poeta inglês Lorde Byron. O grupo conversava sobre teorias a respeito do sobrenatural, quando surgiu a ideia de uma competição para ver quem escreveria a melhor história de terror. Foram produzidos a partir desse encontro uma série de textos, poemas, romances da autoria de escritores renomados como Byron, John Polidori, Percy, além, claro, de Mary Shelley, conforme relatado no prefácio da edição de 1831 de Frankenstein. Mary relata que os primeiros vislumbres do monstro apareceram para ela durante a noite. “Eu vi o pálido estudante de artes profanas ajoelhado ao lado da coisa que ele havia construído”, lembrou.
A autora teve sua publicação negada por todas as editoras, que a julgavam muito jovem. Acabou pedindo para que seu companheiro escrevesse o prefácio de sua obra. Logo, Percy recebeu todos os créditos, e Mary virou coadjuvante de sua própria ideia. Depois de um tempo Shelley admitiu que Mary era a verdadeira autora de Frankenstein. Artistas feministas e críticos leem a obra como fazendo referência ao homem que se apropria do poder procriador da mulher. A coleção de poemas de Margaret Atwood de 1967 intitulada Speeches for Dr. Frankenstein (Discursos para o Dr. Frankenstein) imaginou o monstro como uma mulher que fala com seu criador.
Apesar da fama de Frankenstein, muitos consideram que a obra-prima de Mary é o romance O Último Homem, de 1826. O livro é narrado por Lionel Verney, o único sobrevivente que conta a história dos últimos momentos da humanidade, destruída por uma praga que mata, gradualmente, homens e mulheres. O balonismo, por simbolizar a razão e o progresso científico de seu tempo, são temas tecnológicos descritos no livro.
Os últimos anos de Mary Shelley foram afetados pela doença. Desde 1839, ela sofria de dores de cabeça e ataques de paralisia em partes do seu corpo, que por vezes a impediam de ler e escrever. Ela morreu em 1851, em Londres, Inglaterra, vítima de um tumor cerebral.