Jerônima Mesquita

O Dia Nacional da Mulher é comemorado em 30 de abril, data de nascimento de Jerônima Mesquita (1880-1972), que se destacou na luta pelo voto feminino no Brasil, conquistado em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas. Ela também foi um dos principais nomes do movimento bandeirante no Brasil, inspirado no escotismo, criado por Baden Powell, na Inglaterra. Enfermeira, atuou na Primeira Guerra Mundial, contribuindo para a fundação da Cruz Vermelha no Brasil e de vários outros movimentos de proteção e auxílio à mulher. Jerônima conheceu os movimentos Escoteiro e Bandeirante enquanto estava em Londres e se empenhou em trazê-los ao Brasil. Segundo ela, na época “era quase um escândalo um grupo de mulheres se uniformizar e se reunir para atuar em um movimento”.

Mais velha de cinco irmãos de uma família de comerciante de pedras e fazendeiros, recebeu as primeiras letras ainda em casa, com tutores. Quando mais velhos, foram estudar em colégios europeus. Jerônima cursou o secundário (equivalente ao ensino médio) na França, onde presenciou a luta das mulheres pela igualdade. Aos 17 anos, por imposição da família, casou-se com um primo, com quem teve um filho. Separou-se dois anos depois. Quando começou a Primeira Guerra Mundial, Jerônima ingressou como voluntária da Cruz Vermelha de Paris e depois serviu à Cruz Vermelha Suíça.

Em 1932, Jerônima Mesquita, que já era sufragista (nome dado às mulheres que defendiam o direito das mulheres ao voto ou sufrágio), foi pioneira ao lado da bióloga e ativista pelos direitos da mulher Bertha Lutz (1894 – 1976) na luta para que todas as mulheres acima dos 18 anos de idade pudessem também votar, assim como os homens podiam.

Jerônima conheceu Bertha Lutz e Stela Guerra Duval (1879-1971), feminista e assistencialista que fez parte do grupo das Damas da Cruz Verde que fundou a maternidade Pró-Matre. A amizade rendeu uma intensa atuação dentro do movimento feminista e na luta pelo direito das mulheres no Brasil. Juntas, fundaram a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino - FBPF, em 1922, uma iniciativa para fomentar no país as pautas do movimento feminista e unir as mulheres em prol dessa luta. A Federação foi resultado da Liga para Emancipação Intelectual da Mulher, que atuava desde 1919.

Em 14 de agosto de 1934, Jerônima Mesquita também esteve à frente de um importante documento à época, chamado de Manifesto Feminista: “As mulheres, assim como os homens, nascem membros livres e independentes da espécie humana, dotados de faculdades equivalentes e igualmente chamados a exercer, sem peias, os seus direitos e deveres individuais, os sexos são interdependentes e devem, um ao outro, a sua cooperação. A supressão dos direitos de um acarretará, inevitavelmente, prejuízos para o outro, e, consequentemente, para a nação. Em todos os países e tempos, as leis, preconceitos e costumes tendentes a restringir a mulher, a limitar a sua instrução, a entravar o desenvolvimento das suas aptidões naturais, a subordinar sua individualidade ao juízo de uma personalidade alheia, foram baseados em teorias falsas, produzindo, na vida moderna, intenso desequilíbrio social; a autonomia constitui o direito fundamental de todo indivíduo adulto; a recusa desse direito à mulher é uma injustiça social, legal e econômica que repercute desfavoravelmente na vida da coletividade, retardando o progresso geral; as noções que obrigam ao pagamento de impostos e à obediência à lei os cidadãos do sexo feminino sem lhes conceder, como aos do sexo masculino, o direito de intervir na elaboração dessas leis e votação desses impostos, exercem uma tirania incompatível com os governos baseados na justiça; sendo o voto o único meio legítimo de defender aqueles direitos, a vida e a liberdade proclamados inalienáveis pela Declaração da Independência das Democracias Americanas e hoje reconhecidas por todas as nações civilizadas da Terra, à mulher assiste o direito ao título de eleitor”.


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