Em 12 de maio de 1820, nascia a britânica Florence Nightingale. Não por acaso, a data foi escolhida para marcar o Dia Internacional da Enfermagem. Considerada a criadora da moderna enfermagem, era de família abastada e viajava com frequência pela Europa. Seu nome faz referência à cidade onde nasceu, Florença, na Itália. Como era comum na época, esperava-se que Florence se casasse, tivesse filhos e se dedicasse a administrar a casa. Mas a menina gostava de matemática e seu desejo era estudar. Durante a juventude, o pai a apresentou para um estudioso de estatística e pagou para que ela tivesse um tutor de matemática. Aos 16 anos, Florence relata ter tido um chamamento divino: servir a Deus, o que, para ela, significava cuidar dos enfermos (doentes). Naquele tempo, ignorava-se a importância da higiene e, por causa da sujeira, os hospitais representavam um alto risco de infecção, tanto que aqueles que tinham condições econômicas preferiam se tratar em casa. Os que iam para os hospitais eram os mais pobres. Florence dedicou-se a cuidar deles, praticando com os desassistidos que viviam perto de sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais. Teve oportunidade de aplicar seus conhecimentos durante a Guerra da Crimeia (1853-1856), conflito que opôs Inglaterra e França a Rússia e Turquia. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo de Florence, pediu que ela chefiasse um grupo de enfermeiras enviadas para o front turco, onde cuidou dos pacientes, providenciando comida, remédios, agasalhos e supervisionando o trabalho das enfermeiras. Com seus conhecimentos de matemática fez estudos estatísticos, mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava das péssimas condições de saneamento. Recebeu uma importante condecoração da rainha Vitória. Ao voltar da guerra, viveu recolhida em seu quarto, acometida de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a guerra, causada por uma bactéria transmitida de animais para pessoas especialmente por produtos lácteos não pasteurizados. Pela maior parte de sua vida depois da doença, teve dores crônicas que a impediam de caminhar. Mesmo de cama, continuou trabalhando, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras e escreveu um livro sobre essa experiência, Notas sobre a Enfermagem (1860). Suas ideias sobre como se manter saudável ainda são seguidas. Embora só tenha apoiado totalmente a ideia de que muitas doenças são causadas por germes depois dos 60 anos, já no século 19 defendia a importância da lavagem das mãos. Em seu livro, escreveu que “toda enfermeira deve ter o cuidado de lavar suas mãos muito frequentemente ao longo do dia. Se lavar o rosto, também, ainda melhor”. Durante a Guerra da Crimeia, implementou a lavagem de mãos e outras práticas de higiene nos hospitais do exército britânico. Montou um programa de treinamento para parteiras no hospital do King’s College em 1861, além de atuar como conselheira no desenho de vários hospitais novos. Mais para o fim dos anos 1860, Nightingale propôs uma reforma nas enfermarias para transformá-las em hospitais de alta qualidade financiados por impostos. Também trabalhou em reformas sanitárias e sociais na Índia então parte do Império Britânico. Notas sobre Enfermagem trazia instruções de saúde pública, como conselhos para pessoas comuns sobre como manter um lar saudável. Florence aconselhava as pessoas a abrirem as janelas para maximizar a luz e a ventilação, e eliminar o ar “estagnado, mofado e impuro”. E ela defendia melhorias no sistema de drenagem para combater doenças que vinham da água, como o cólera e a febre tifóide. Muito do que ela defendia ainda é bastante útil nos dias de hoje, em que enfrentamos a pandemia do coronavírus.