Emilia Ferreiro nasceu na Argentina em 1936 e ficou conhecida por revolucionar a alfabetização. Psicolinguista, formou-se pela Universidade de Buenos Aires e tornou-se doutora pela Universidade de Genebra, sob a orientação do biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) considerado um dos pais do construtivismo a partir de suas investigações sobre o modo como a criança aprende. Com profundos estudos sobre o método de aprendizagem da leitura e escrita, ela se tornou referência.
Ferreiro é considerada a educadora que mais influenciou a educação brasileira nas últimas décadas. A partir dos anos 1980, seus livros, entre eles “Psicogênese da Língua Escrita”, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979, passaram a ser mais conhecidos no nosso país, o que impactou a concepção sobre o processo de alfabetização, influenciando as próprias normas do governo para a área, expressas nos Parâmetros Curriculares Nacionais, segundo a revista Nova Escola.
Tanto para Piaget como para Ferreiro, as crianças constroem o próprio conhecimento. Essa conclusão leva à transferência do foco da escola (e da alfabetização) do conteúdo ensinado para aquele que aprende, o aluno. “Um dos maiores danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua própria capacidade de pensar”, disse uma vez.
Para o construtivismo, seus supostos erros revelam o funcionamento da mente do aluno, porque mostram como o estudante “releu” o conteúdo aprendido. “A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal”, afirmou. Para Ferreiro, a compreensão da função social da escrita deve ser estimulada com o uso de textos do cotidiano, como livros, histórias, jornais, revistas.