“Não se faz casa para o verão passado”, diz um provérbio ioruba que Deh Bastos, criadora do projeto Criando Crianças Pretas e Diretora Criativa na agência Publicis Brasil, gosta de citar.
Ela tem pressa de que as crianças possam crescer com uma referência de um mundo mais inclusivo e consciente. Publicitária e Criativa, Deh é mãe do José de 4 anos e se define como comunicadora de nascença. Durante sua bem-sucedida carreira na comunicação, ela já trabalhou para grandes marcas como Coca-Cola, Petrobras, Ambev, entre outras, e foi editora de conteúdo e produtora de cinema, trabalhando com filmes institucionais, publicidade e televisão.
Em 2013, Deh ganhou o Prêmio Monet na categoria Melhor Programa Feminino, ao lado da equipe de produção do programa Boas Vindas do canal GNT da Globosat.
Especialista em traduzir assuntos complexos para uma linguagem simples, ela aposta no diálogo. “A força da árvore está na raiz”, gosta de lembrar. “Essa estou eu, vivendo para conectar pessoas, promovendo diálogos leves, e sempre que possível, divertidos, e usando a comunicação para transformar as relações”, completa.
O @CriandoCriançasPretas, que tem um perfil no Instagram, é uma rede de famílias interessadas em uma educação consciente, uma iniciativa de comunicação antirracista, que tem a proposta de criar diálogos para que o antirracismo seja parte da vida de todas as famílias, pois, independentemente da cor da pele, todos precisam ser parte do combate ao racismo.
Esse trabalho em relação à maternidade e paternidade resultou num convite para ser colunista a Revista Crescer, da editora Globo, dedicada às famílias. Deh também é co-autora do livro Maternidades Plurais, publicado pelo selo Fontanar da editora Companhia das Letras.
Professora de Criatividade na MBA da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista), trabalhou em projetos para marcas como Natura, Medley e Bauducco. Há quatro anos, Deh está à frente da sua consultoria em comunicação antirracista e criatividade técnica.
Em seus textos, Deh fala em como é importante não repetir estereótipos, que, explica ela, fazendo referência ao dicionário, é uma “imagem, ideia que categoriza alguém ou algo com base apenas em falsas generalizações, expectativas e hábitos de julgamento”.
Em uma de suas colunas, ela lembra que as pessoas negras no Brasil sabem muito bem o que é viver na pele alguns rótulos, como o do homem negro que não demostra afeto, o de ser a única pessoa negra em um recinto, o do menino negro que é violento, o da menina negra que é preterida e que não é considerada bela, o da pessoa negra da qual se espera uma história de superação.
Sendo uma mulher gorda e preta, como se define, ela já sentiu na pele os efeitos do perfeccionismo, a pressão de não poder cometer erros sob pena de ser julgada. Foi como mãe que ela decidiu ajudar outras famílias a mostrar para as crianças pretas que elas fazem parte de uma ancestralidade que não nasce com a escravidão. No mês da Consciência Negra, mas não só, ela recomenda ouvir as dúvidas das crianças, contar quem foi o líder quilombola Zumbi dos Palmares, fazer perguntas juntos: “Eu sou do time das esperançosas. Você também é, eu sei! Bora olhar com amor nos olhinhos brilhantes das nossas crianças pretas e dizer: Você é muito mais que o suficiente do jeitinho que você é. Juntos estamos trabalhando para mudar o mundo para você”, escreveu em uma de suas colunas.