Cristiane Rozeira começou bem na nova na seleção brasileira principal de futebol, aos 18 anos, e hoje, 20 anos depois, ainda é a maior artilheira (jogadora com o maior número de gols) da modalidade nos Jogos Olímpicos entre homens e mulheres, com 14 gols. Nos jogos Pan-americanos de 2015, em Toronto, no Canadá, ela foi a artilheira da competição. Em 2007, impulsionada pelo vice-campeonato mundial e a conquista do ouro nos Jogos Pan-americanos, foi eleita a terceira melhor jogadora do mundo pela Fifa. A lista de conquistas não para por aí. Cristiane também conquistou a medalha de prata em duas edições dos Jogos Olímpicos, em 2004 e 2008. Na última edição da Copa do Mundo Feminina, em 2019, fez o gol mais bonito da competição e, naquele mesmo, ano foi a personalidade esportiva que teve o maior crescimento nas redes sociais. Atualmente, é artilheira do Santos pelo Campeonato Brasileiro, com 8 gols em 14 jogos (dados de 03/07/2023), e é destaque constante nos jogos dos campeonatos que disputa.
Desde criança, Cristiane já demonstrava habilidade com a bola e era a única menina da vizinhança a jogar com os meninos. “Eles só brigavam comigo quando perdiam ou levavam drible, mas nada disso me deixava chateada. No dia seguinte, lá estava eu jogando novamente", contou numa entrevista.
A jogadora conta que sempre queria ganhar uma bola de presente e acabava recebendo bonecas. “Eu não gostava, queria ganhar uma bola de futebol, que era o que me deixava feliz”, contou em episódio inédito da série Entrevista – Infâncias, exibida pelo Canal Futura.
Mesmo assim, Cristiane afirma nunca ter pensado em outra profissão: "Nunca pensei no que seria, senão jogadora. Mesmo sabendo das dificuldades na época não havia algo além disso que sonhava em fazer".
A atleta saiu de casa aos 14 anos para se dedicar ao esporte. “Eu falo que saí para trabalhar porque era um trabalho. Eu não recebia, mas não deixava de ser um trabalho. Os campos eram de terra, nós não tínhamos acesso a uma academia, não tínhamos suplementação”, disse em entrevista. Para ela, a medalha de prata na Olimpíada de Atenas, em 2008, foi um marco. “O fato de estar na história dos Jogos Olímpicos, de ter essa medalha guardada em casa e poder mostrar para o meu filho (contar a história do que a mãe dele fez e do que nós fizemos em meio a tanta dificuldade), é um orgulho muito grande”, disse a artilheira, que é casada com a advogada Ana Paula Garcia e tem um filho de 2 anos chamado Bento.
Para ela, grandes eventos, como a Copa e as Olimpíadas, contribuem para que o esporte ganhe cada vez mais espaço. "O futebol feminino sempre teve uma dificuldade de reconhecimento e aceitação. Hoje, os clubes obrigatoriamente precisam ter times femininos, e isso nos deu visibilidade, fez com que as pessoas passem a trabalhar por isso”.
Cristiane tem mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e acredita que as redes sociais têm contribuído para que o futebol feminino hoje tenha muito mais visibilidade, fazendo com que, ao contrário de como foi com ela, crianças sonhem em serem profissionais do futebol. “Estou jogando bola há quase 20 anos na seleção e eu nunca tive tanta visibilidade quanto se tem hoje, porque as mídias sociais facilitam, fazem com que isso chegue até as crianças, até as meninas, e dá uma esperança maior para elas”, disse em entrevista. Na Copa de 2023, nossa artilheira vai marcar mais gols, dessa vez como comentarista.