Cecília Meireles

Uma das maiores poetas brasileiras, traduzida para idiomas como hindi e urdu, Cecília Meireles nasceu em 1901, no Rio de Janeiro. Filha de um bancário e de uma professora, única sobrevivente dos quatro filhos do casal, perdeu o pai três meses antes do nascimento, e a mãe três anos depois. Acabou sendo criada pela avó materna, Jacinta Garcia Benevides.

Uma cena lembrada por Ulisses Infante, professor de literatura da Unesp de São José do Rio Preto, em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo: no intervalo das aulas da Escola Normal, no Rio, em 1915, uma das alunas decidiu declamar um soneto de Olavo Bilac e foi repreendida pelo inspetor de alunos e, depois, pelo diretor. Diante da ameaça de castigo, as alunas saíram em defesa da colega. Na edição de 19 de junho de O Século, o nome da garota Cecília Meirelles (mais tarde ela tiraria um ‘l’ do sobrenome) aparece na primeira página. Aos 14 anos, tomou partido na briga escolar por direitos e respeito. Direitos, incluindo o direito das mulheres, sempre foram caros à poeta – uma das fundadoras da Legião da Mulher Brasileira.

Após concluir o estudo primário, Cecília receberia uma medalha de ouro do próprio poeta Olavo Bilac, que era Inspetor Escolar do Rio de Janeiro. Em 1917, diplomada no Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, tornou-se professora. Em 1919, aos 18 anos, publicou o seu primeiro livro de poemas, Espectros.

Além de poeta, Cecília foi ensaísta, cronista, folclorista, tradutora e educadora. Atuou como jornalista no Diário de Notícias entre 1930 e 1931, em que escrevia sobre educação. Assinou, em conjunto com os educadores Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e Afrânio Peixoto, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, considerado o marco da renovação educacional do Brasil. Em 1934, organizou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro.

Seu livro Viagem, ganhou, em 1939, o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL). A academia, que só passaria a aceitar escritoras mulheres entre seus membros em 1977, lhe concederia o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra em 1965. Como tradutora, ganharia vários prêmios importantes.

Na década de 1940, Cecília Meireles lecionou Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Em 1951, já aposentada como diretora de escola, trabalhou como produtora e redatora de programas culturais na Rádio Ministério da Educação. Nesse período, realizou conferências sobre literatura e folclore na Europa, África e Ásia. Devido à sua relação com a Índia, tornou-se sócia honorária do Instituto Vasco da Gama, em Goa, e recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de Délhi.

A escritora publicou mais de 30 livros em vida, entre eles alguns para o público infantil, como Ou Isto ou Aquilo, em 1964. Entre seus livros de grande destaque está Romanceiro da Inconfidência, de 1953. Em seu poema Motivo, no livro Viagem, de 1939, ela escreve: “Eu canto porque o instante existe/e a minha vida está completa./Não sou alegre nem sou triste:/ sou poeta”.


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