Carrie Fisher

Você conhece a Princesa Leia? A personagem faz parte da primeira trilogia de filmes da franquia Star Wars [Guerra nas Estrelas] que começou em 1977 e até hoje conta com novas produções. Com seu visual memorável, sua personalidade marcada pela sua força, determinação e deboche, a Princesa ultrapassou seu papel nas telas para ser símbolo de luta.

Assim como Leia, Carrie Fisher (1956-2016) também tinha uma personalidade marcante. Sendo filha de pais já conhecidos em Hollywood – o cantor Eddie Fisher (1928-2010) e a atriz Debbie Reynolds (1932-2016) –, sua carreira como atriz iniciou-se cedo por incentivo da mãe. Assim, conseguiu seu primeiro papel no filme "Shampoo" (1975), que abriu portas para crescer na indústria cinematográfica. Um tempo depois, aos 19 anos, Carrie conseguiu o papel da Princesa Leia no longa-metragem "Star Wars: Episódio 4 - Uma Nova Esperança" (1977), com quem se identificava por ser uma mulher forte.

A primeira trilogia de filmes de Star Wars foi lançada no fim dos anos 1970, seguida de outras duas em 1990 e 2016, que acompanham aventuras espaciais criadas por George Lucas. O sucesso foi tanto que todas elas arrecadaram, em suas respectivas ocasiões, mais de 1 bilhão de dólares nas bilheterias, e marcaram a cultura pop. Mesmo se você nunca assistiu os filmes, já deve ter ouvido falar da Princesa Leia ou do Darth Vader, vilão da primeira trilogia.

Entretanto, durante as gravações de Star Wars, por ser a única mulher em um contexto repleto de homens, Carrie precisou lutar pelos seus direitos e pela crença de que personagens femininas precisavam ser mais bem desenvolvidas, já que sempre lembrava: “Não vamos nos esquecer de que esses filmes eram basicamente fantasia de garotos. A forma que eles encontraram de torná-la mais feminina era tirando as roupas delas”. Assim, sua luta envolvia trazer mais credibilidade para Leia, a partir do improviso de falas e questionamento sobre as vestimentas.

Ao mesmo tempo que interpretava uma heroína espacial, Carrie foi diagnosticada com o transtorno bipolar, “Fui diagnosticada com transtorno bipolar aos 24 anos, mas só aceitei o diagnóstico aos 28 [...]. Só naquele momento percebi que essa condição de saúde mental explicava o meu comportamento”. A atriz nunca escondeu suas dificuldades com saúde mental, trazendo um olhar para essas questões que ainda eram um tabu na época.

Anos depois de “Star Wars: Episódio 4 - Uma Nova Esperança”, Carrie Fisher se dedicou à paixão pela escrita, já que dizia: “Eu gosto de escrever. É como falar mal de mim pelas minhas costas”. Dessa forma, em 1987, publicou seu primeiro livro semibiográfico “Postcards from the Edge”, seguido de outras obras que adentraram a temática autobiográfica, já que era a forma encontrada pela autora de lidar com sua saúde mental, sua vida amorosa e profissional. Assim, outras obras conhecidas dela, que defendiam suas batalhas, são: “Surrender the Pink [Entregue o Rosa]” (1990), “Delírios da Vovó” (1994), “The Best Awful There Is [O Melhor Horrível que Existe]” (2004), “Wishful Drinking [Bebendo Desejos]” (2008), “Shockaholic” (2011) e “Memórias da Princesa: Os Diários de Carrie Fisher” (2016).

Além de escritora, entre 1991 e 2005, Carrie trabalhou como script-doctor [revisora de roteiro], responsável por revisar roteiros antes de começar a produção. Um dos filmes que tiveram essa revisão foi "Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma" (1999), fazendo-a voltar para a saga que marcou sua carreira e conseguindo, dessa forma, aprofundar o desenvolvimento de personagens femininas.

Junto a isso, em um momento em que a luta pela representatividade nas telas se resumia à academia e ao movimento feminista, Carrie Fisher batalhou para que mulheres se reconhecessem nos filmes que assistiam, deixando para trás o clichê de donzela em perigo que precisa ser salva pelo galã. Além dessa batalha, a atriz também lutou para que a sociedade reconhecesse as doenças mentais e a necessidade de abordar o assunto sem entrelinhas.

Mesmo após sua morte no final de 2016, o legado de Carrie Fisher é nítido. As vitórias de suas batalhas trouxeram mudanças nas representações em produções cinematográficas e gerações foram influenciadas pela sua luta na defesa das mulheres e no cuidado da saúde mental, assunto este que era tratado por ela de forma criativa, leve e empática.


Referências

Downloads

Mais Donas da Rua


Ver todas homenageadas