Anne Sullivan (1866-1936) foi responsável por ensinar Helen Keller, uma adolescente surdo-cega a quem educou por meio da língua de sinais por intermédio do tato. Todo esse aprendizado, a partir dos ensinamentos de Sullivan proporcionou à Keller o primeiro bacharelado a uma pessoa surdo-cega da história. A educadora, já no final de sua vida, recebeu o reconhecimento da Temple University, do Instituto Educacional da Escócia e da Fundação Memorial Roosevelt, pelo ensinamento à jovem. Sua história também foi eternizada pelo filme “O Milagre de Anne Sullivan” (1962), protagonizado por Anne Bancroft.
De família irlandesa, que deixou o país no período conhecido como a Grande Fome, Sullivan nasceu nos EUA e perdeu a visão após contrair uma infecção nos olhos (tracoma), aos 5 anos. Sua infância foi difícil, pois após a morte da mãe, ela foi levada para um lar para crianças pobres. Percebendo na educação um caminho para se desenvolver, a menina conseguiu ser admitida numa escola para cegos, onde se tornaria uma das mais promissoras estudantes.
Durante o tempo em que passou na escola, Sullivan aprendeu a se comunicar com colegas que eram surdo-cegos. Em 1886, aos 20 anos, depois de se formar na escola, foi contratada como professora particular e em tempo integral de Helen Keller, garota cega e surda que nunca tinha recebido nenhum tipo de educação formal. Através do tato, ela ensinou a menina a reconhecer objetos e associá-los a palavras. Sullivan fazia Helen tocar seu rosto para sentir as vibrações no nariz, boca e laringe. Enquanto soletrava a palavra água com os dedos na palma da mão de Helen e a fazia sentir a água em sua outra mão, a professora conseguiu que a aluna associasse símbolos a significados.
Com a ajuda de Sullivan, Helen conseguiu aprender inglês, francês, alemão, ficou proficiente em braile e em linguagem de sinais na palma da mão. Além disso, Helen se formou em Filosofia, se tornou ativista política e publicou 12 livros. Anne passou por várias cirurgias e recuperou temporariamente parte da visão, mas passou boa parte da vida sem enxergar, ficando completamente cega em 1935.
Sullivan foi professora de Helen Keller por 50 anos e a acompanhou no Radcliffe College onde fez seu curso superior. As duas estiveram próximas por toda a vida, e Anne morreu em 1936, com Helen segurando sua mão. Seus restos mortais estão na Catedral Nacional na capital dos Estados Unidos, Washington D.C., sendo reconhecida por sua atividade como professora. Em seu enterro, o bispo James E. Freeman disse: “Entre os maiores professores de todos os tempos, ela ocupa um dos lugares mais importantes. O toque de sua mão emancipou uma alma”.