A publicitária Ana Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora, que oferece capacitação para empreendedoras, aceleração de negócios e mentorias com voluntárias. Funciona mais ou menos assim: uma mulher que fundou uma empresa e já venceu muitas dificuldades ao abrir e manter um negócio funcionando (vender máscaras de tecido ou oferecer manutenção de computadores, por exemplo) ensina o que aprendeu para outra mulher, seja como administrar as contas da empresa seja como conquistar mais consumidores para seus produtos e assim fazer a empresa crescer e gerar mais empregos, por exemplo. Desde a mulher que está começando a vender bolo de pote até a que já fatura 5 milhões de reais por ano, todas têm espaço na rede.
Como milhares de outros empreendedores brasileiros, Ana decidiu empreender por necessidade. Depois de deixar sua carreira na área de marketing, ela decidiu que queria um trabalho que possibilitasse a ela estar mais próxima das duas filhas. Ela então se juntou com alguns amigos e criou a ElogieAkii, uma empresa de avaliação de serviços. O projeto foi selecionado para o programa de empreendedorismo 10.000 mulheres da FGV (Fundação Getúlio Vargas) com a Fundação Goldman Sachs.
Como acontece nesses processos seletivos, muitas mulheres ficam de fora, por serem poucas as vagas. Ela ficou entre 35 selecionadas entre mil inscritas. Foi ali que Ana decidiu que precisava compartilhar o que estava aprendendo no curso com outras mulheres e, em 2010, criou a Rede Mulher Empreendedora.
Desde que começou a pandemia, a RME arrecadou mais de R$ 40 milhões para suas diversas iniciativas, que já atingem 750 mil mulheres em território nacional. Movimentos recentes incluem a expansão de um modelo de capacitação que se chama Potência Feminina e que vai treinar mais de 50 mil mulheres para a economia digital nos próximos dois anos. O Potência Feminina tem o apoio do Google e escolherá 180 negócios liderados por mulheres a cada três meses para receber uma doação de R$ 10 mil cada. A intenção da RME é que a captação ultrapasse os R$ 100 milhões em 2021, segundo Ana, para fazer com que os programas de empreendedorismo da organização cheguem a 2 milhões de mulheres.
Ana faz parte da W20, grupo de engajamento do G20, que tem como foco tratar questões de igualdade de gênero e empoderamento feminino nas 20 maiores economias do mundo, das quais faz parte o Brasil. Segundo ela, empresas têm um papel fundamental na promoção da diversidade e no apoio da inovação, por meio de programas que apoiam mulheres a participarem de uma economia cada vez mais digital. Para ela, empreender é um “um otimismo com movimentação”. “Isso é atitude empreendedora, não de quem fica sentado, esperando as coisas acontecerem”, diz a empreendedora, que foi eleita uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes em 2019 e LinkedIn top voices em 2020.