Aline Silva é sinônimo de luta. Luta por medalhas e luta para empoderar meninas por meio do esporte. A atleta começou sua carreira esportiva no judô e migrou para luta olímpica. Decidiu dedicar-se à luta olímpica no Campeonato Mundial de 2003. Na época, a paulista de 17 anos lutou no Madison Square Garden, um dos principais palcos de eventos nos Estados Unidos. Foi quando ficou clara para ela a grandiosidade do esporte.
Em 2006, Aline conquistou uma inédita medalha de prata em um Campeonato Mundial Júnior. A falta de investimentos na modalidade fez com que Aline migrasse temporariamente para o jiu-jítsu. Lutando contra dificuldades financeiras, a esportista chegou a ser segurança de banheiro feminino em boates e a vender alfajor para se manter. Em 2009, Aline foi contratada pelo SESI-Osasco e voltou a focar totalmente na luta olímpica. Em 2014, ela mudou de categoria, passando da de 72 kg para a de 75kg. Também em 2014, Aline repetiu o feito de 2006, só que agora na categoria etária sênior (adulto), e se tornou a primeira medalhista mundial na categoria adulta entre homens e mulheres. Terminou em nono lugar nos Jogos Olímpicos do Rio.
Aline conquistou a vaga para Tóquio em março de 2019, na Seletiva Olímpica Pan-Americana, em Ottawa, no Canadá. No Rio-2016, a lutadora conseguiu chegar às quartas de final. Desde a conquista da medalha de prata no Mundial de Tashkent, no Uzbequistão, em 2014, Aline não conseguiu subir novamente ao pódio numa competição desse nível. Após tanto tempo sem competir, devido às dificuldades impostas pela pandemia, não arrisca previsões: “Sempre compito sem pensar em resultado. A performance que vou apresentar lá vai ser consequência do dia a dia de treinamentos”.
Maior atleta do wrestling brasileiro, ela é uma das poucas mulheres a ocupar cargo de liderança na gestão do esporte, sendo segunda vice-presidente da CBW (Confederação Brasileira de Wrestling). “Confesso que a princípio fiquei um pouco relutante por ainda estar atuando como atleta. Eu não queria entrar em algo que eu não pudesse me dedicar. Já estou com 34 anos, caminhando para a aposentadoria e começa aquela reflexão: eu consegui contribuir muito para o meu esporte com medalhas, resultados, mas será que eu estou realmente deixando um esporte melhor para aqueles que estão vindo depois de mim? Será que eu posso fazer mais? E acho que essa é a forma de fazer mais”, disse Aline Silva ao portal Olimpíada Todo Dia.
A atleta também não foge da luta na arena social. A ONG Mempodera, que atua em Cubatão (SP), foi idealizada durante sua participação no Global Sports Mentoring Program-GSMP. Ela foi selecionada para representar o Brasil na edição de 2017 com outras 16 mulheres de vários países. O objetivo do programa é que as mulheres que são inspiração para meninas em seus países criem um plano de ação para empoderar meninas por meio do esporte. Aline tem como mentora Julie Eddleman do Google, que foi uma das empresas apoiadoras do programa de intercâmbio GSMP.
Aline Silva foi a vencedora do prêmio United World Wrestling Women and Sport Award 2018 (Mulher do Ano) concedido pela United World Wrestling (Federação Internacional de Wrestling), entidade máxima da categoria no mundo. A lutadora foi indicada pela Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) para concorrer à premiação concedida a uma organização ou mulher que tenha contribuído excepcionalmente para o desenvolvimento do esporte e do wrestling feminino. “Quero fazer ainda muito mais pela vida de milhares de meninas”, disse.
Um pouco antes do início dos jogos de Tóquio, perguntamos a ela que conselho daria às meninas que se interessam pelo esporte e pela luta: “Acredite que você pode ser o que quiser”, disse a lutadora.