Adriana Barbosa é a mulher por trás da Feira Preta, um dos maiores eventos de empreendedorismo e cultura negra da América Latina. Na Feira Preta, que desde 2002 acontece todo final de ano em São Paulo, ela reúne empreendedores e artistas negros de todo o Brasil, com o objetivo de gerar renda para a própria população negra. Em 2019, a Feira Preta se transformou na Plataforma PRETAHUB. Resultado de 18 anos de iniciativas do Instituto Feira Preta no trabalho de mapeamento, capacitação técnica e criativa, a plataforma é uma aceleradora e incubadora do empreendedorismo negro no Brasil. Empreendedorismo, segundo o Sebrae, é a capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas.
Formada em gestão de eventos, começou sua atuação profissional em 1995, na área de comunicação, com trabalhos em emissoras de rádio, produtoras de TV e gravadoras. Percebeu que, enquanto a economia brasileira se desenvolve, também se amplia o poder de compra dos afrodescendentes. Com isso em mente, criou em 2002, com pouco mais de 20 anos de idade, a maior feira negra do Brasil.
A Feira Preta é um hub (concentrador, palavra derivada da tecnologia para se referir ao que conecta os computadores a uma rede) de inventividade e criatividade pretas, se transformou no maior festival de tendências afro-contemporâneas do mercado e das artes, além de promover iniciativas afro-empreendedoras de diversos segmentos.
A Feira Preta nasceu para conscientizar. 'A gente não fala só sobre dinheiro, só sobre autoestima... Todas essas coisas fazem parte de um processo de fortalecimento identitário da população negra', disse Adriana em entrevista. 'Em 2002, as pessoas frequentavam a Feira Preta e ainda se assustavam quando ouviam a gente falar que ter cabelo crespo era bonito. Em 2016, elas já sabiam disso, já tinham passado por transição capilar, iam com cabelo black solto? As coisas foram mudando', contou ao UOL Ecoa.
Como empreendedora social, Adriana passou pelas principais aceleradoras do ecossistema de negócios sociais no Brasil, tais como Artemísia, Aliança Empreendedora, Quintessa, Endeavor e Nest e, em 2016, ficou em segundo lugar na primeira edição do Inova Capital – Programa de Apoio a Empreendedores Afro-Brasileiros, uma iniciativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Anjos do Brasil.
Em 2017, foi homenageada, junto com os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo, entre os 51 negros com menos de 40 anos mais influentes do mundo segundo a Mipad (organização Most Influential People of African Descent). Os três brasileiros figuraram na categoria Mídia e Cultura, ao lado de celebridades internacionais como as cantoras Beyoncé e Rihanna, a tenista Serena Williams, o velocista Usain Bolt e o tetracampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton.
O ano de 2019 foi bastante especial, pois Adriana Barbosa venceu na categoria Troféu Grão do Prêmio Empreendedor Social promovido pela Folha de S. Paulo, com a aceleradora Pretahub, e também foi ganhadora na categoria Empreendedorismo e Negócios do Prêmio CLAUDIA 2019, recebendo o troféu da empresária Luiza Trajano, que comanda o Magazine Luiza. No mês de janeiro de 2020, Adriana ganhou o Prêmio Estado de São Paulo para as Artes, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, na categoria Cultura Urbana. Recentemente foi nomeada para o time de fellows de líderes globais da Fundação Ford.
'Nós partimos de um contexto histórico de 400 anos de escravidão e 132 anos pós-abolição. É necessário falar de capital relacionado ao desenvolvimento humano e que cause algum impacto social'. E de transformar a sociedade essa dona da rua entende.